domingo, 20 de dezembro de 2015

[Castle Fic] One Night Only! - Cap.40


Nota da Autora: Enfim, voltei a escrever a fic. Esse capitulo é tenso já que se trata do Knockout. Peço desculpas pois temos mais coisas do episódio que história propriamente dita. Mas, já vou avisando vai continuar tenso por uns dois capítulos. Angst sim, só que não irei torturar vocês no tbc de Rise. Divirtam-se! 

PS.: Quero avisar que iremos mudar de terapeuta, diferentemente da série, não veremos o Dr.Burke.


Cap.40


Kate estava se sentindo bem melhor, certa ou não, a teoria de Dana parecia realmente ter fundamento. 

Na última semana, Kate intercalou as noites entre seu apartamento e o loft. Não houve sinais de pesadelos. Estava mais confiante com a recuperação e isso trazia um novo quadro para sua mente. Seu relacionamento com Castle.

Ela pensou em escrever sobre o assunto no caderninho vermelho, mas o que exatamente?

Quando se tratava de sentimentos, de descrever sua relação com Castle, ela sentia-se muito confusa. Gostava dele, de verdade. Ele a fazia rir, tirava parte do peso de ser uma policial quando estava a seu lado. Castle fazia questão de agrada-la, compreende-la e Kate sabia o quanto era difícil entender seu modo de pensar. Mais que isso, ele lhe dava a chance de ser ela mesma. E ela? O que oferecia num relacionamento como esse? Até onde se recordava, apenas sua companhia e a chance de correr riscos, ameaças e acabar com um tiro no coração. O que ele ganhava estando com ela? A princípio, era bonitinho. Vê-lo agir como escritor, cheio de curiosidades e ideias malucas, transforma-la em sua musa, escrever aventuras sobre sua Nikki.

Não que ela estivesse reclamando disso, pelo contrário, ela sentia-se lisonjeada por toda importância e atenção. Então, de repente, lá estavam eles enfrentando bombas e ordens de restrição. Não era justo com ele.

Os pensamentos preencheram as folhas do caderno. Incomodaram Kate. Para ela, estava atrasando a vida de Castle. Ele merecia bem mais que uma detetive complicada e cheia de traumas. O problema era que na visão dele, a relação que tinham era excelente. Já deixara claro que não queria se separar dela, estava disposto a insistir. Claro que havia momentos de perfeita alegria e êxtase. E Kate não podia abrir a boca para reclamar de falta de carinho, nem muito menos do sexo. Fazer amor com Castle era uma das coisas mais significativas de sua vida nos últimos tempos. Eles simplesmente se completavam. Era estranhamente incrível o fato de que ela não conseguia explicar porque esse momento entre os dois era tão intenso e diferente de tudo o que já experimentara até ali.

Fechou o caderno colocando-o na gaveta ao vê-lo surgir no salão com dois copos de café nas mãos. Era o momento deles. Aquele breve instante da manhã em que podiam desfrutar de suas bebidas favoritas em boa companhia. O sorriso em seu rosto era imediato. Era impossível olhar para aqueles olhos azuis e não ter vontade de abrir um sorriso.

- Bom dia, detetive. Café? – ele estendeu o copo para ela – dormiu bem? – perguntou sentando-se em sua cadeira cativa.

- Isso é uma pergunta retorica, escritor? Ou você somente quer a chance de inflar um pouco mais seu ego enorme? – vendo-o franzir a testa, ela mordiscou os lábios – você sabe a resposta – disse virando o copo em seus lábios.

- É sempre bom checar se você está satisfeita com os serviços prestados – ela balançou a cabeça. Rick Castle, senhoras e senhores, ela pensou – então, temos algum presunto?

- Castle! Não fale assim. Respeito, por favor! E respondendo sua pergunta, não. Temos longos relatórios para a 1PP se tiver interessado.

- Não! Prefiro morrer de tédio. Ah, droga! Agora vou ter que ligar para Gina e confirmar a reunião de hoje a tarde. Provavelmente quer falar sobre a publicidade de Heat Rises.

- Falando em Heat Rises, esse livro sai ou não sai? Está quase virando lenda. Quando terei minha cópia? Você está me enrolando, Castle. Tem algo nessa história que você não quer que eu saiba?

- Claro que não. É o tempo da editora. Pode perguntar para a Gina se quiser.

- Vou fazer isso – os olhos se arregalaram imediatamente, ela percebeu a agonia dele – hum, algo que gostaria de compartilhar, Castle?   

- Não, estou sendo sincero sobre o livro. Você realmente ligaria para Gina?

- Claro. Afinal, acredito que temos alguns pontos em comum além dos seus livros. É sempre bom checar referências – vendo a cara de pânico dele, ela gargalhou – relaxa, Rick. Não necessito de pesquisa de opinião, sei muito bem julgar sua performance pelas minhas próprias experiências.

- E qual seria a nota que você me daria?

- Sério que você está me perguntando isso?

- Foi você que começou falando de referência e pesquisa de opinião.

- Minha culpa, certo. Você não consegue tirar suas conclusões a partir dos orgasmos da última noite, por exemplo? – um sorriso maroto apareceu no rosto dele – se quer uma nota, será B+.

- B+? Achei que estava no A+ pelo seu comentário.

- Uma cópia do draft do seu livro podia vir a calhar nessa avaliação... só estou dizendo...

- Vou ver o que posso fazer. Não prometo nada – ele se levantou da cadeira já para ir embora. Quando viu Beckett fazendo o mesmo, vestindo seu casaco, ele estranhou – você não disse que estava cheia de relatórios para fazer?

- Sim, dividi com os meninos. E pretendo voltar para termina-los, mas agora tenho meu compromisso semanal.

- Você vai visitar Lockwood na prisão de novo? Você ainda não se convenceu que isso é inútil? Ele nunca vai lhe dar qualquer pista sobre o seu verdadeiro inimigo, Beckett. Por que continua indo até lá toda a semana? É perda de tempo.

- Eu fiz uma promessa a mim mesma, a minha mãe, Castle. Eu cumpro minhas promessas. Mesmo não obtendo nada dele, o fato de estar lá mostra que não estou disposta a desistir. Sou paciente. Em algum momento ele vai ceder ou talvez algo aconteça e me ajude a conseguir uma pista. Vejo você a noite.

- Não adianta. Qualquer coisa que eu diga não vai fazer você mudar de opinião. Faça o que achar melhor. Até a noite.

Sim, parecia perda de tempo. Toda semana, Beckett tirava uma manhã para visitar um de seus maiores inimigos na prisão. Passava exatamente uma hora apenas fitando-o sem dizer qualquer palavra. Não conversavam. Ele agia como se ela não estivesse ali. Beckett não se importava. Sempre que ia embora, ela dizia até a próxima semana, fazendo questão de lembra-lo que voltaria.

Durante aquela uma hora, ela sempre pensava nas peças faltantes do caso de assassinato da mãe. Se perguntava se chegaria o dia em que finalmente faria a tão desejada justiça. Era difícil dizer. Ela queria vingar a mãe. Colocar os culpados atrás das grades, porém por várias vezes ela perdera a esperança em realizar esse feito. Como policial, isso era para ela inadmissível. Afinal, fora por isso que entrara na academia de polícia, lutaria até o fim. Como pessoa e vítima, ela apenas queria evitar a frustração de não conseguir cumprir a promessa feita no leito de morte da mãe.

Mais tarde no loft, Castle perguntou a ela durante o jantar como fora a visita. Ela respondeu aquilo que já era quase que uma resposta automática. Do mesmo jeito. Ele apenas deu de ombros, procurando não insistir no assunto ou expressar sua opinião. Ao ser questionado por Kate quanto ao livro, ele revelou que o mesmo ainda não fora para a impressão, o pessoal da editora estava lidando com registros e capas. Trabalho chato. Ele não queria falar ainda sobre o assunto principal da reunião que tivera com Gina, preferia esperar a confirmação do possível novo negócio que faria com a editora para comunicar a ela. Kate resolveu não implicar com ele sobre isso.

No início da semana seguinte, Castle finalmente recebe a confirmação de sua nova empreitada de escritor. Ele mal cabia em si de felicidade. Queria contar logo para Beckett. Chegou no distrito eufórico procurando por ela.

- Eu queria uma mão – mas os rapazes nem se mexeram – vocês irão se arrepender quando não receberem uma cópia autografada da minha história em quadrinhos.

- Você escreveu uma história em quadrinhos?

- Tecnicamente. Foi inspirada em um dos melhores personagens já criados. Há um novo xerife nas prateleiras e seu nome é Derrick Storm. A arte de capa de Deadly Storm.

- É bem legal.  

- É épico isso sim, cadê a Beckett? Quero mostrar isso para ela – disse ele aos rapazes.

- Hoje é o dia que ela faz a visita na prisão, você sabe... – Castle entortou a boca diante do comentário de Ryan. De repente, a alegria desapareceu. Ele não gostava quando ela ia aquele lugar. Sempre voltava carregada, triste e porque não dizer frustrada. Não era algo bom estar num ambiente daquele com um bandido como Lockwood. Ele sentou-se para espera-la.

Toda semana era quase o mesmo ritual. Beckett ia até a prisão, pedia para ver Lockwood. Antes de encara-lo, ela respirava fundo, pensava na mãe e nas batalhas que travara até ali e observava seu solitário, o anel era o símbolo de lembrança que guardava da mãe. Um sinal de que a sua luta ainda não acabara.

Nesse dia porem, Beckett se deparou com algo diferente. Lockwood não estava mais na solitária e sim se juntara a população normal da cadeia. Isso era um desastre. Ela imediatamente ordenou que os responsáveis da prisão o colocassem de volta a sua cela particular porque seu inimigo Gary McCallister estava na prisão geral e certamente iria mata-lo. Ela mesma se juntou ao esquadrão da prisão. Infelizmente, era tarde demais. Quando chegaram a cela de McCallister, ele já estava morto, mas Beckett o pegou em flagrante. Enfim, fora um bom dia na opinião dela. Claro que ela não podia imaginar o pesadelo que isso representaria mais tarde.

De volta ao distrito, ela conta a Castle o que acontecera. Ela tinha certeza que não tinha sido um acidente.

- Lamento.

- Pelo que?

- Lockwood matou Raglan, esfaqueou McCallister ambos ex-policiais ligados ao assassinato de sua mãe. Está eliminando as vias de investigação.

- Castle, ele não as está eliminando. Está me dando novas. Tenho ido aquela prisão toda semana pelos últimos quatro meses encarando o diabo e o diabo acabou de piscar. É isso que estava esperando.  Descobrir algo sobre o empregador de Lockwood. Tenho certeza que essa transferência não foi por acaso.

E ela tinha razão. Ryan e Esposito descobriram que a autorização para tirá-lo da solitária foi falsificada, o que significava que alguém de dentro da prisão recebera dinheiro para fazer isso. Era um grande risco. Beckett ordenou que os rapazes investigassem a vida financeira de cada integrante da prisão. Um deles aceitou a chantagem por dinheiro. Enquanto isso, ela e Castle iriam para o julgamento de Lockwood para tentar descobrir mais sobre o homem poderoso por trás do assassino de elite.

Castle começava a se preocupar com todo esse problema. Ele sabia muito bem que Beckett era um alvo para essas pessoas. A teimosia dela era um dos pontos mais complicados para lidar diante dessa situação. Por agora, ele decidira não questionar nada.

Ao chegarem ao tribunal, Beckett observou bem quem estava na corte. Ela procurava por um sinal, algum movimento estranho que pudesse confirmar suas suspeitas. A primeira vista, não percebera nada. Porém, logo em seguida algo parecia bem estranho para as atividades naquele tribunal. Três policiais sentaram-se na plateia para assistir o julgamento. Ela começava a ficar mais ansiosa e alerta. Castle percebeu.

- O que foi?

- Eu não sei – ela observou os policiais novamente, viu que eles usavam abotoaduras de cromo, as da NYPD eram pratas. No instante que percebeu isso, Lockwood deu a ordem para os comparsas. Eles jogaram bombas de efeito moral para atingi-la. No reflexo, ela gritou – Castle, abaixe-se! – ela jogou seu corpo sobre o dele para protege-lo. Tudo aconteceu muito rápido. Ela quis certificar-se de que Castle estava bem. Após a confirmação dele, ela saiu em disparada atrás de Lockwood. Viu as correntes que usava no corredor do tribunal. Tentando ser o mais rápido que podia, ela corria de arma em punho. Desceu as escadas, infelizmente chegou tarde, eles decolaram em um helicóptero. Ela ainda atirou várias vezes, mas sem chance de atingi-los.

De volta ao distrito, uma busca frenética começou. Todo e qualquer par de olhos na NYPD procurava pelo helicóptero. Beckett andava de um lado a outro. Impaciente e irritada. Precisava de respostas, tinha que achar Lockwood. Felizmente, Ryan conseguiu algo. Lockwood telefonava todas as semanas para o mesmo número e nunca era atendido até quatro dias atrás. Segundo o jargão militar, eles falavam sobre continuar a missão.

- A missão então não era matar McCallister. Eles podiam ter pago qualquer prisioneiro para fazer isso. Queriam Lockwood fora, o que quer dizer que ainda há um alvo. Quem pode ser? – Esposito perguntou.

- Eu – Beckett respondeu, mas o capitão rebateu sua afirmação na mesma hora.

- Você não é uma ameaça, não sabe de nada.

- Acho que sei de quem ele está atrás – disse Castle. Aproximando-se do quadro de evidencias montado pela própria Beckett, ele repassou a informação que sabiam para concluir o obvio – ainda há um fio solto. O terceiro policial. O homem que Joe Pulgatti viu no beco com Raglan e McCallister na noite que Bob Armen foi morto. Quem quer que esse cara seja se ainda estiver por aí, ele sabe quem está por trás disso tudo.

- O que o faz o alvo de Lockwood – disse Beckett atendendo o telefone em seguida. Montgomery ordenou que colocassem uma equipe de vigilância atrás dela. Não podiam correr riscos. Ela anunciou que encontraram o helicóptero. Infelizmente, não havia muito o que procurar, eles destruíram toda a possível evidencia de DNA. O dono do helicóptero estava viajando de férias pelo caribe, muito provavelmente não tinha ideia do que acontecia. Beckett estava intrigada. Por que agora? Lockwood estava na prisão a quatro meses por que se mexer agora? Ela iniciara a conversa com Castle, porem sua mente estava a mil e ela simplesmente não conseguia pensar direito. Ao questionar se ela estava bem, a resposta foi retorica.

- Estou – o que significava que não estava.

Naquela noite, ele não insistiu para que ela viesse até o loft. Preocupado, ele revisava novamente o caso da mãe de Beckett a procura de algo que ajudasse a entender essa reviravolta. Não era fácil, ele mesmo já perdera a conta de quantas vezes olhara os arquivos. Então a campainha tocou. Um senhor distinto estava a sua porta.

- Posso ajudar? – disse Castle.

- Eu espero que sim. Sou Jim Beckett, o pai da Kate – isso era novo. Castle o convidou para entrar. Ofereceu um café. Sentados a mesa um de frente para o outro, eles conversavam.

- Eu sinto que já o conheço, Rick. Ouvi muitas coisas boas sobre você de Katie.

- Sério? – Castle estava surpreso com a revelação.

- Sério. Como ela está?

- Difícil dizer pelo jeito dela, ela não se acovarda.

- Eu sei. Ela não gostava de luzes acesas a noite quando era criança. Tinha medo do escuro, mas considerava questão de honra mantê-las apagadas – Castle riu, era a cara de Kate. Então um silencio incomodo se formou entre eles até que Jim voltasse a falar – esse homem que ela persegue é muito perigoso?

- É um assassino profissional – o semblante de Jim mostrou-se ainda mais preocupado diante dessa informação.

- O que acontece quando ela o encontrar? Eu já perdi minha esposa por conta disso. Já perdi... – faltaram-lhe palavras – demorou anos, mas consegui aceitar. Mas Katie? Ela não me escuta e não desiste. Não até que alguém a convença que sua vida vale mais que a morte da sua mãe – ele se levantou ficando de frente para Castle – ela gosta de você, Rick. Se você não for mais tolo do que parece, sei que também gosta dela. Não a deixe jogar a vida fora.

E tão depressa quanto entrou, Jim deixou o loft. Castle precisou de alguns minutos para digerir tudo o que ouvira. Kate falava dele para o pai. Falava bem. Do jeito que ele dissera que a filha gostava de Castle, não pareceu que ele soubesse do real envolvimento dos dois. Não deve ser fácil para Jim vir até ali pedir que ajudasse a filha quando ele mesmo não podia. Castle tinha uma ideia do que era para um pai se ver lutando para dar o melhor para a sua filha. Ele não saberia como agiria se fosse com Alexis. Somente entendia que se faria qualquer coisa por um filho, até mesmo reconhecer que precisa da ajuda de outra pessoa para conseguir mantê-la a salvo.

Ela gostava dele. Certo, Castle já sabia disso. Por esse motivo, ele sentia a pressão de protege-la ser maior. Esse caso iria mexer com sua mente, seus brios, a levaria ao limite. Até quanto Kate poderia suportar? Seu medo era saber que ela estava disposta a arriscar a própria vida por essa causa. Isso o aterrorizava.

Seus pensamentos não saiam de Kate. Conhecia-a suficiente para saber que certamente não estava dormindo. Devia estar mergulhada na papelada, procurando uma agulha no palheiro. Podia apostar que sequer fora para casa aquela noite e dormir era a última coisa que pensava naquele instante.  Com a cabeça cheia, ele também não conseguiu ter uma noite de sono tranquila. Cochilara por cerca de duas horas e pronto. Melhor tomar café e seguir para o 12th.

Conforme ele imaginara, Beckett não pregara o olho. O cansaço era suportado por várias doses de café durante a madrugada. Ela trocara de roupa no distrito mesmo, não queria perder um segundo sequer. Ela revisava cada página de seu arquivo pessoal. Buscava tudo o que parecia ilógico. Precisava encontrar algo.

Quando Castle chegou ao distrito naquela manhã, estava disposto a conversar serio com ela. Vê-la sentada em sua mesa, os olhos alertas pelo efeito da cafeína e as marcas da noite em claro nas suas olheiras, teve vontade de abraçá-la, pega-la no colo e sumir dali. Queria poder dar-lhe um pouco de paz e esperança, faze-la parar por uma hora que fosse. Infelizmente, ele entendia que Kate não queria nada disso, ela queria justiça o que tornava a sua conversa ainda mais difícil. Como convence-la a parar? Essa era a grande dúvida na mente do escritor.

Ele tinha dois copos de café nas mãos. Ele perguntou para ser educado, afinal a resposta estava estampada no rosto dela.

- Como dormiu?

- Não dormi.

- É, eu também – ele entregou o café na mão dela – estava pensado... – mas Ryan os interrompeu quando pensava em iniciar a tal conversa com uma informação sobre o possível policial chantageado.

- Ryker. Ele recebera uma transferência de 50 mil dólares no dia que Lockwood foi transferido e adivinha quem não apareceu para trabalhar hoje? – ela conhecia Ryker, não imaginava que ele fosse capaz de fazer algo assim. Eles invadiram o apartamento do cara. Era tarde demais. Ryker recebera uma bala na testa. Pelos ferimentos, fora eliminado por volta de nove da noite no dia anterior.

Castle notou que Ryker fizera quatro ligações para o mesmo número que Lockwood contatou. Devia estar negociando seus termos. De volta ao distrito, ela conversou com vários companheiros de Ryker. Todos o viam como um cara correto. Como descobriram que ele tinha problemas financeiros? Alguém tinha que ter acesso aos dados dele. Alguém de dentro ou um ex-policial. Então, Kate teve uma ideia.

- Esse terceiro policial não era o alvo de Lockwood, esse terceiro policial era quem comandava. Ele é quem está por trás disso tudo. Quero que peguem os relatórios que tenham o nome de Raglan e McCallister.

- Já fizemos isso.

- Não estou falando de investigação, estou falando de avaliações de performance...

- Já vimos tudo. Todos os policiais que poderiam ter trabalhado com eles – disse Esposito – nenhum deles era o nosso cara.

- Chequem de novo – ela ordenou perdendo a paciência – e quando terminar, chequem novamente.

- Beckett o queremos tanto quanto você.

- Claro que não! – era isso ela estava entrando em um ciclo vicioso, estava se perdendo aos poucos, Castle notou – ninguém o quer tanto quanto eu. Ninguém. Então, cheque novamente – ela saiu apressada. Castle apenas baixou a cabeça. A cada minuto que passava, ela tornava-se mais obcecada pelas respostas. Não era um bom momento para conversar. A melhor coisa a fazer era trabalhar nos arquivos.

Ele tentou ligar várias vezes para Beckett. Não atendia as ligações dele. Saiu feito um furacão levando as pastas consigo. Ele estava preocupado. Esposito entregou uma cerveja para Castle e perguntou.

- Como ela está?

- Eu não sei. Ela não retornou minhas ligações.

- Ela está se perdendo. Está a centímetros do abismo – disse Esposito.

- Ela ficará bem. Sempre fica – foi a resposta de Castle sabendo que não convencia nem a si mesmo. Retirou a cerveja limpando a ficha que analisava. Viu um nome. Ali estava um grande problema. Ao perguntar quem era Napolitano, Esposito disse que era um cara que trabalhou com Raglan em batidas de drogas, mas estava no casamento da filha quando Armen foi morto então não era o homem que procuravam. Já era falecido.

- Por que pergunta? – Ryan quis saber.

- Ele e Raglan estão listados nesse relatório, mas isso foi alterado.

- Como sabe disso?

- Porque eu conheço maquinas de escrever – Castle explicou o conceito por trás da sua descoberta – alguém alterou o nome do policial nesse papel. Fotocopiou e colocou o nome de Napolitano – eles levaram o fato até Montgomery que pediu para descobrirem quem gerenciava os arquivos naquela época. Aproveitando o tempo em que estava sozinho com o capitão, Castle resolveu expor suas preocupações.

- Continuar a missão? Se Lockwood não está atrás do terceiro policial então quem é a missão? – claro que o capitão entendeu o que ele queria dizer.

- Eu coloquei segurança. Mandei segui-la a paisana. Esses caras são bons.

- Bons o suficiente para deter Lockwood? Ela não vai parar e na próxima vez que se encontrarem, um deles irá morrer. Tire-a do caso.

- Castle, a Beckett alguma vez lhe contou como nos conhecemos? Eu trabalhei até tarde uma noite, fui até os arquivos procurar relatórios antigos. E lá estava ela, com uma lanterna na mão e uma caixa no colo, estudando esse caso não resolvido. Ela era da patrulha, nem estava autorizada a ir lá embaixo. Quando eu perguntei o que ela fazia, me disse que era o caso da sua mãe e que tinha achado coisas que não fazia sentido. Poderia tê-la fichado na hora.

- E por que não o fez?

- Porque eu sabia que não a impediria. Estava nos olhos dela e eu pensei, com a tenacidade dessa garota e algum treinamento, ela seria uma bela detetive de homicídios.

- Essa tenacidade irá matá-la – disse Castle.

- Não posso fazer Beckett recuar, Castle. Nunca pude e do jeito que estou vendo, o único que pode é você.

Era a segunda pessoa a dizer isso a ele. O duro era que ele não sabia se conseguiria convence-la. Estava envolvida demais. Tentou ligar mais uma vez. Após quatro toques, a ligação caiu na caixa postal. Era agora ou nunca, precisava expor seus pensamentos, pedir para que parasse. Daria a cara para bater, e se tudo desse errado, ele continuaria ao seu lado tentando ajuda-la e protege-la do seu jeito, da melhor maneira que conseguisse. Ele foi ao apartamento dela com a desculpa de informa-la sobre a última descoberta. Um pretexto para algo bem mais complicado que poderia colocar todo o relacionamento deles em risco.

Ao abrir a porta, Beckett não parecia surpresa, apesar de não querer ver ninguém.

- Posso entrar? – mas ele não esperou pelo convite, mesmo que ela o autorizasse logo em seguida, reparou que ela tinha a arma na mão – então, nós checamos de novo todos os relatórios de Raglan e McCallister e você estava certa. Havia um terceiro policial que estava com eles em várias prisões. Mas, alguém pegou esses relatórios e adulterou seu nome. Ryan e Esposito estão investigando quem fazia os relatórios da época.

- Castle, não podia ter me ligado e contado por telefone?

- Podia, eu tentei. Você não atendeu minhas ligações e além disso eu pensei...

- Castle, se tem alguma coisa a dizer... diga.

- Beckett, todos relacionados com esse caso estão mortos. Todos. Primeiro sua mãe e seus colegas, depois Raglan e McCallister. Você sabe que a próxima é você.

- Capitão Montgomery colocou alguém me protegendo. Não foi tão difícil de ver.

- Não é o suficiente para parar Lockwood. Você sabe disso. Pense com quem está lutando. Assassinos profissionais? Trabalho com você há três anos, você me conhece. Sou o cara que diz que podemos mover uma seringueira. Mas, Beckett? Não acho que ganharemos essa.

- Castle, eles mataram minha mãe. O que quer que eu faça?

- Recue. Eles vão matá-la, Kate – no momento tenso e emocional que estava, Kate não acreditava no que Castle estava lhe pedindo – se você não se importa com isso... pelo menos pense em como isso irá afetar as pessoas que te amam. Quer mesmo colocar seu pai nisso?

- E quanto a você, Rick? – a pergunta saiu sem pensar.

- Claro que não quero que algo aconteça a você. Eu me importo com você. Sou seu parceiro, seu amigo.

- É isso que somos? – de repente, o assunto da discussão mudou. Sem perceber, Kate estava cobrando algo sobre sua relação com Castle.

- Quer saber? Eu não sei o que somos. Namorados? Claro! Trabalhamos juntos, namoramos, fazemos amor e nos divertimos. Nós nunca falamos sobre isso. O que nossa relação nos reserva? Nós quase morremos congelados nos braços um do outro e nunca falamos sobre isso. Enfrentamos crises de pânico e pesadelos, mas o que há depois para nós? Então, desculpe se eu não sei como nos definir. Eu não sei o que somos. O que temos. Eu sei que não quero ver você jogar sua vida fora – os brios estavam alterados. Ela retrucou quase gritando.

- Bem, da última vez que chequei, era minha vida. Não seu brinquedo pessoal. E pelos últimos três anos, eu andei com a criança mais engraçada da escola. E não é suficiente – Kate certamente pegara pesado. Ele não merecia ouvir isso após tudo o que já haviam construído, ela estava ignorando seu relacionamento. O medo falava mais alto. Castle perdeu a oportunidade que ela lhe dera, não percebera que Kate olhava-o ansiando por uma resposta, algo talvez inusitado de sua parte que acabou exposto sem pressão. No afã da discussão, ele não percebeu o que havia nas entrelinhas do comentário de Kate. A raiva e a vontade de vê-la recuar falavam mais alto naquele momento. Se era para dizer a verdade, ótimo! Ele diria a verdade. Ela já caminhava para a porta prestes a manda-lo embora. 

- Isso não é mais sobre o caso da sua mãe. É sobre você precisar de um lugar para se esconder – ela virou-se para fita-lo. Estava furiosa – pois você tem buscado isso por tanto tempo que você tem medo de descobrir quem você é sem isso.

- Você não me conhece, Castle. Você acha que sim, mas não.

- Sei que rastejou para dentro do caso da sua mãe e não saiu mais. Sei que se esconde lá, assim como se esconde em relacionamentos com homens que você não ama, ou crises de pânico. Você poderia ser feliz, Kate. Você merece ser feliz, mas tem medo.

- Sabe como estamos, Castle? Terminados. Agora vá embora – fora assim. Usando palavras que machucaram um ao outro, o medo como escudo e a raiva como combustível que eles encerraram aquela discussão. Feridos, frustrados. A tentativa de faze-la enxergar o perigo que corria fora desperdiçada. Agora ela não largaria o caso e pior, ele não poderia ajuda-la. Seu relacionamento se perdera por causa do passado que a perseguia.

Pela primeira vez em muito tempo, Rick Castle se sentia perdido. Não sabia o que fazer para reverter essa situação. Ela iria se expor, se atirar para o inimigo e dessa vez, ele não podia protege-la. Em casa, ele tinha um copo de whisky nas mãos, era a sua terceira dose. Deixara a raiva e a frustração o dominar. Jogou o copo contra a arte previa de Heat Rises. Os pedaços de vidro espatifaram-se no chão. Martha apareceu preocupada.

- Meu Deus! O que está acontecendo aqui?

- Nada. Desculpe. Volte para cama.

- Apenas uma pessoa no planeta pode te deixar irritado – ele acabou aceitando conversar um pouco com a mãe.

- Ela vai acabar se matando.

- Ela é uma mulher crescida. Uma detetive de Homicídios, pelo amor de Deus. É seu trabalho, sua vida.

- Se algo acontecer com ela... – ele não conseguia completar. A simples ideia de imagina-la ferida ou morta era difícil demais, a mãe o encorajou.

- Continue... Richard, Richard – ela já entendera tudo – para um homem que vive de palavras, você tem dificuldades de acha-las quando precisa. Querido, permita-me me dar um conselho de alguém que já passou da metade do filme. Não desperdice nem mais um minuto – ela beijou-lhe a testa e deixou-o sozinho. Sim, Castle sabia do que ela estava falando. Sua mãe sabia que ele amava Kate. Mas, daí a dizer o que realmente sentia a ela? Sua mãe não conhecia todas as nuances de Kate. Não era uma tarefa fácil. Sentimentos eram um terreno perigoso com Kate Beckett. Ele podia piorar ainda mais a situação. Ela poderia se amedrontar ainda mais. Tinha um dilema nas mãos.

Ele não podia deixa-la seguir sozinha, precisava ajuda-la de alguma forma. Por outro lado, ela disse que eles estavam terminados. Como iria falar de seu amor agora? Tudo estava muito confuso. Não conseguia organizar suas ideias para achar o melhor caminho. Ele mesmo precisava de ajuda. E só havia uma pessoa capaz de entender a mente de Kate como ele. Dana. Ele precisava falar com a terapeuta.

Não pensou duas vezes. Fora o desespero que o fizera contatar Dana na mesma hora. Ele explicou que precisava muito falar com ela. O assunto era sério e precisaria de tempo. Dana agendou um horário para conversar com ele no dia seguinte. Dez da manhã.

No 12th distrito, alguém estava em meio a uma discussão com seu capitão.

- Roy, cansei de verdade. Quero que ele vá embora – ela andava de um lado a outro na sala do capitão, claramente impaciente.

- Tudo bem, ele irá.

- O que? – agora ela estava confusa. Como ele poderia ter aceitado tão rápido? Não iria argumentar com ela? De repente, Kate sentiu-se insegura. No fundo, era apenas a raiva imediata falando.

- Quer que Castle vá embora? Ele irá.

- E.… quanto ao prefeito? – ela gaguejava, passava a mão nervosamente nos cabelos.

- Essa é minha casa, Kate. O prefeito não dá as ordens aqui, eu dou. Já deveria saber disso – ele oferece um pouco de whisky para ela que aceita – eu podia ter mandado Castle para a rua anos atrás, quando quisesse. A única razão de tê-lo mantido aqui foi porque eu vi como ele era bom para você – ela virou a bebida de novo na boca, não acreditando que estava ouvindo sobre Castle ser bom para ela de seu próprio capitão – Kate... é a melhor que eu já treinei, talvez a melhor que já tenha visto. Mas você não se divertia antes da chegada dele – ela mal olhava para ele diretamente por medo de demonstrar que ele estava certo. Montgomery usou o momento para dar um conselho a sua detetive, talvez o melhor que ela já ouvira até ali.

- Falamos pelos mortos. Esse é o trabalho. Somos tudo o que eles têm uma vez que o mal rouba suas vozes. Devemos isso a eles, mas não devemos nossas vidas.

- Ele disse que não podemos ganhar essa – a voz soou quase como um sussurro.

- Ele está certo. Passei grande parte da vida sob esse distintivo e posso dizer isto como fato: não há vitorias. Somente a batalha. E o melhor que você pode esperar é encontrar um lugar para deixar sua marca. Se este é o seu lugar, estarei ao seu lado.

Cansada e confusa, Beckett voltou ao seu apartamento. As palavras de Montgomery ecoavam na mente dela. Estava sentada com um copo de vinho nas mãos, uma pilha de papeis espalhada pela mesa de centro. O celular perdido entre a bagunça. Ela sentia falta de alguém para conversar. Não, na verdade, era alguém em particular. Após ouvir que Castle estava certo sobre não poder ganhar esse caso, ela pensou em voltar atrás, ligar para ele. Pegou o telefone, checou os favoritos. Havia varias ligações perdidas dele.

Suspirou. O olhar perdido pensando no que fazer em seguida. Queria ligar. Mas e depois? O que faria? Não iria pedir desculpas, não tinha motivo para isso. Estava chateada, magoada por ele ter pedido para ela recuar. Será que Castle não a conhece como pensou? Não sabe o quanto o caso da sua mãe é importante? Não, definitivamente não queria se desculpar. Nada de ligar para ele. Já tomara sua decisão no momento em que o mandara para fora de seu apartamento. Aparentemente, ela o mandara para fora de sua vida.

Esse último pensamento a fez relutar. Engoliu em seco e sentiu um arrepio percorrer todo o corpo. Balançando a cabeça para tentar esquecer o assunto Castle, ela voltou a se concentrar no caso.

Montgomery recebe uma visita nada agradável em sua própria casa. Lockwood viera cobrar sua dívida do passado. Sim, o capitão cometera seus erros quando mais novo na força. Algo que não se orgulhava e pelo qual trabalhava para manter escondido e recompensar a cada dia que usava seu distintivo pela NYPD. Fora por isso que acolhera Beckett, que a treinara e a mantivera sob suas asas.

Tinha uma dívida para com ela. Com sua mãe. Sua melhor detetive estava em perigo. Ele tinha que escolher entre ela e sua própria família. Mas Montgomery aprendera a não desistir sem lutar. Se tinha que colocar a vida de Beckett em perigo, atira-la aos leões e talvez até a si mesmo, ele precisava resolver algumas coisas antes.

Não cederia tão facilmente aos caprichos de Lockwood e do homem por trás dele. Amanhã seria o dia de sua batalha final. E ele precisaria de reforços para garantir que cumpriria sua promessa até o fim.

XXXXX 

Castle chegara meia hora antes do combinado. Estava ansioso para colocar o que sentia para fora. Queria respostas. Queria encontrar uma maneira de garantir que Kate não fizesse uma loucura e acabasse... ele sequer conseguia dizer a palavra. Estava completamente afetado por toda aquela situação.

Quando a porta do consultório se abriu, Dana veio ao seu encontro.

- Bom dia, Castle. Você chegou cedo, o que significa que o assunto é realmente sério. É Kate? Ela teve outro episódio de pânico? Uma recaída? Você não explicou ao telefone... e como ela não apareceu na última sessão da terapia, eu achei...

- Sim, tem a ver com Kate, mas não se trata da crise de pânico. Espera, ela não apareceu para a terapia? Quando foi isso?

- Tínhamos uma sessão ontem. Achei que ela pudesse estar em algum caso e me ligaria se desculpando, já aconteceu antes. Mas quando você ligou, eu entendi que talvez não tivesse uma explicação tão simples. O que está acontecendo, Castle?

- A crise de pânico parece bem ridícula agora. Trata-se de algo bem maior. Kate está prestes a voltar a toca do coelho, Dana. E eu não sei o que fazer para impedi-la de cometer uma besteira.
O semblante de Dana mudou. Castle pode perceber claramente a preocupação.

- Venha, conversamos no meu consultório.

Castle se sentou no divã enquanto Dana preparava café para eles. Seria uma conversa difícil. Sentou-se de frente para o escritor. Estava intrigada, pois nunca o vira tão preocupado, havia um ar cansado em seu semblante. Talvez ao conversar com ele, algumas coisas começassem a fazer sentido.

- Sou toda ouvidos. Só depende de você.

- Bem, eu não sei como começar. Irônico, um escritor sem saber como contar uma historia. Até minha mãe zombou de mim.

- Por que não começa do principio? O que aconteceu a ponto de afetar Kate tanto assim?

- Você deve se lembrar de Lockwood. O cara que ela prendeu alguns meses atrás? Que matou um dos policiais envolvidos na investigação da morte da mãe dela. Assim como ela deve ter mencionado as visitas semanais que faz a ele regularmente na cadeia na esperança que ele revelasse alguma pista para que ela pudesse reativar o caso de Johanna.

- Sim, ela mencionou o caso. O que tem ele?

- Há dois dias atrás, ele escapou da prisão após matar o outro policial envolvido no esquema descoberto por Johanna. Na verdade, foi tudo arquitetado. A saída da solitária, a morte do outro preso, arranjado para ele estar no tribunal a fim de ser raptado pelos seus comparsas. Ele está numa missão. Provavelmente atrás de um terceiro policial que fecharia o grupo corrupto e que sabe a verdade.

- Isso explica porque ela não apareceu aqui ontem para a nossa sessão de terapia...

- Kate está obcecada por ele, também quer encontrar o terceiro policial, tanto que não percebeu que tornou-se um alvo. Ela já está enfiada nesse caso até o pescoço. Se ela e Lockwood se encontrarem, ficarem frente a frente, um deles morrerá. Talvez os dois – ele respirou, tomou mais um pouco do café e continuou – ontem eu fui procura-la. Ela tinha saído irritada do distrito com um monte de pastas e evidencias do caso, sem falar com ninguém. Perdi as contas de quantas ligações fiz tentando falar com ela, saber como estava. Por fim, eu arrisquei. Não ter notícias dela estava me matando. Eu posei de despreocupado para os rapazes, mas conversei com Montgomery a respeito do que poderia acontecer. Pedi para que ele a tirasse do caso, como superior ele poderia fazer isso.              

- Ele aceitou fazer isso?

- Não. Ele me disse que era impossível. Ele conhecia Kate Beckett o suficiente para entender que tira-la do caso era o mesmo que incentiva-la a se jogar de cabeça na linha de fogo. Esse caso é a vida dela, ele disse. Na minha opinião, poderá se tornar sua morte. Montgomery disse que somente eu posso fazê-la parar.

- Eu diria que ele está certo. E ele sequer sabe de toda a história de vocês. 

- Fui ao apartamento dela. Ela quase não me recebeu. Eu disse umas verdades a ela. Eu admito que nos ofendemos mutuamente. Pedi para que ela recuasse, todos dizem que sou o único capaz de para-la, mas ela simplesmente não quer me ouvir. Ela me expulsou, disse que estávamos terminados. Não sei como fazer isso! Não quero vê-la se perder, ou até... – ele passou a mão em seus cabelos, frustrado com a situação – diga-me o que fazer, Dana. Porque, honestamente? Não tenho ideia.

Dana parou de escrever em seu caderno, suspirou longamente. Podia imaginar o quanto ele estava sofrendo com essa situação, sem poder tomar a decisão ou convence-la a fazer o que ele sugeria. Ele a amava era obvio, estar de mãos atadas, sentir-se impotente diante de tudo não iria ajudá-lo a fazer Kate enxergar a loucura na qual estava envolvida. Precisava primeiro recuperar a confiança de Castle.

- Sabe, antes de você a vida de Kate era como uma rotina tediosa. E isso diz muito de alguém que é uma detetive de homicídios. Ela vivia para o trabalho, solucionando assassinatos por longas horas do dia ou da noite. Quando não havia casos, ela focava no da mãe. Foi assim que se perdeu a primeira vez. Basicamente, não tinha vida. Então, você entrou na vida dela. Implicando, instigando, mexendo nos casos dela, colocando sua opinião e fazendo dela sua musa. Isso a incomodou, tirou-a de sua zona de conforto. Pela primeira vez em anos, havia algo novo com que se ocupar e aos poucos você a conquistou. Ela cedeu e se apaixonou. Castle, você conseguiu que ela quebrasse algumas resistências que ninguém conseguira antes. Então, sim. Você é a única pessoa capaz de faze-la mudar de ideia.

- Como?

- Você disse que a ama? – a pergunta de Dana o pegou de surpresa.

- Não, mas... – ele não completou o pensamento por alguns instantes – eu pensei sobre isso. Ontem, durante a briga, ela parecia querer ouvir algo mais. Minha mãe sugeriu isso. Até o pai dela deu a entender que ela realmente gosta de mim.

- Ah, por favor, Castle! Kate ama você! Ela talvez não consiga entender o sentimento como um todo, tenha medo de admitir estar mais que apaixonada por você ou mesmo ter dificuldade em se expressar quanto a isso. Mas depois de tudo que já viveram juntos, das tantas vezes que salvaram um ao outro? Não resta dúvida sobre o sentimento verdadeiro que existe entre vocês. A iniciativa nesse caso, tem que partir de você.

- O problema é como ela receberá a notícia. Não seria pior? Será que ela não interpretaria como uma jogada para persuadi-la a esquecer o caso? Eu realmente tenho medo da reação dela.

- Tudo depende de como você colocará a informação para ela. Agora que estão brigados, se torna um pouco mais difícil. Não impossível. Aliás, essa palavra não existe no meu vocabulário. Muito menos no seu. Ambos sabemos que Kate tem dificuldades de se expor por isso cabe a você a responsabilidade de encontrar uma maneira de revelar o que sente a fim de faze-la compreender o que está em jogo. O perigo é real, não se trata de suposição. Convence-la do quanto ela é importante pode salva-la. Já está mais do que na hora de Kate viver sua felicidade. Ninguém merece tanto quanto ela.  

- Vida ou morte. É disso que estamos falando. Tenho medo de não conseguir, de perde-la.

- Castle, você vai conseguir. Você é um escritor, sabe usar as palavras e mais importante. Você a ama. Responda: você arriscaria sua vida por ela?

- Sem pestanejar. Sim!

- Então, no momento certo você fará o que tem que ser feito – ela sorriu para ele. Castle estava um pouco menos tenso, mas a preocupação ainda rondava os olhos azuis. Seu celular tocou fazendo o coração disparar. Seria Kate? Ao checar o visor viu o nome de Montgomery.

- Capitão – do outro lado do telefone, a voz grave e tensa soou aos ouvidos de Castle explicando o motivo da ligação. Montgomery tinha um arquivo em suas mãos, olhava para a pasta enquanto falava.


- Castle, eu preciso que escute muito bem o que tenho a dizer. Esse assunto é sigiloso, ninguém além de mim e você deve saber disso. A vida de Kate depende da nossa discrição.


Continua....

5 comentários:

cleotavares disse...

Que tensão! Vai lá Castle, agora é contigo. Pega ela e diz: "Te amo bixiga taboca"! kkkkkk

Cindy Evelyn disse...

já quero o próximo!!! rsrs

Pathy Cardoso disse...

Capítulo 41 pleaseee.. esperando ansiosamente..

Pathy Cardoso disse...

Capítulo 41 pleaseee.. esperando ansiosamente..

Silma disse...

É isso mermo?Mais um tiro 😩
Às vezes tenho raiva da Kate,as coisas só devem partir de Castle e ela nada.Eu sei,eu sei de tudo que ela viveu,de toda a sua dor,mais e Castle?Ele sempre está lá pra ela,mesmo quando ela manda ele ir embora. Ela NÃOOOO corre atrás dele nunca 😒Isso enche o saco.Têm mesmo que ficar atrás da morte o tempo todo???Não pode se dar ao menos uma chance de SER FELIZ crl? 😓 Mais uma vez "Vai lá Castle segura essa marimba que é tua"!!!!