domingo, 27 de agosto de 2017

[Castle Fic] Vendetta - Cap.7


Nota da Autora: Sei que estou demorando para postar, contudo tenho 3 fics em andamento e Vendetta em particular tem muito detalhe para avaliar. Enfim, o capitulo tem a continuação da investigação, momento dos melhores parceiros, nossa capitã aflita... só posso dizer: enjoy! 



Cap.7 

Duas horas depois, finalmente Beckett recebia um email do seu comandante com arquivos de video, links e uma senha exclusiva para acessar os dados de Logan no sistema penitenciário da Sing Sing. Ela podia acessar a lista de logs que revelava todos os visitantes, data e hora além dos videos de cameras internas. Os registros do prisioneiro também estavam a sua disposição. Jordan pediu para acompanha-la na analise. Também solicitou a analise do FBI para Ryan. Beckett explicou a presença dela ali para seu detetive. 
— O Comandante especificou para conseguirmos toda a ajuda necessária no caso Logan. Jordan está trabalhando no perfil dele e no do copycat para encontrarmos as semelhanças e definir uma maneira de agir. 
— Detetive Ryan, não tenha medo de pressionar os agentes. Eu liguei pessoalmente para o HQ de Nova York e para o laboratório, disse que esse caso é prioridade zero. Eles o ajudarão no que precisar. 
— Obrigado, agente Shaw. 
— É Diretora assistente agora, Ryan - disse Beckett. 
— Oh, parabéns então. Bom ter mais mulheres em posição de comando - Jordan sorri, De volta a sala da capitã, ela senta-se ao lado de Beckett. Segundo as filmagens, Logan não tinha nenhuma visita além de seu advogado. 
— Doze anos e nenhuma visita? Isso é muito estranho. 
— Não quando se é um sociopata sem familia e solitário - reforçou Jordan para Castle. 
— Então onde o suposto cúmplice se encaixa? Vocês não estão achando que é o advogado, certo? 
— Menos, Castle. Talvez não seja alguém de fora - disse Beckett - olhem essa ficha de Logan. Ele não tem ocorrências, considerado de comportamento exemplar pela direção e pelo responsável e orientador dos presos. E reparem no nome do companheiro de cela pelos últimos cinco anos. 
— Mike.Um dos nomes. Mike Doyle. Isso não é coincidência - disse Castle. 
— Não, especialmente considerando o crime de Logan, ele deve ter feito algo grande, no mínimo um homicídio para estar na mesma area. Mais um detalhe, ele saiu sobre condicional em dezembro. Acredito que temos o nosso suspeito e cúmplice afinal. Estou tentando acessar o arquivo dele - Beckett deu alguns comandos no computador. Na tela surgiram as letras vermelhas: ACESSO NEGADO piscando - mas, por que? Eu deveria ter acesso a tudo, não?
— Talvez seja porque ele não está mais na prisão. Sua ficha não deve estar ativa - disse Jordan - acontece com os criminosos no FBI. Os arquivos são removidos para uma area especial para não carregar o sistema, você precisa de um acesso diferenciado. 
— Vou ligar para o Comandante e explicar. Castle, pode informar Ryan sobre a verdadeira identidade do nosso suspeito? Talvez ele tenha mais chances de conseguir informações agora. Diga para checar os arquivos de homicídios da NYPD. Pode checar esse banco de dados que citou do Bureau, Jordan? 
— Claro. Isso pode explicar muita coisa. Não acredito que ele esteja entre os crimes do FBI, foi um crime local, não?
— Aqui não diz nada - reforçou Castle antes de sair da sala para falar com Ryan. Retornou com duas canecas de café fumegantes. Entregou as duas e saiu para buscar a sua. Beckett acabava de agradecer e desligar o telefone. 
— O Comandante está enviando o arquivo dele nos próximos quinze minutos. Ryan deve ter a ficha dele em breve também - ela bebeu um pouco do café - tem algo mais a comentar, Jordan? 
— Ainda não. Quero mais informações sobre o Mike. Nossa, esse café é muito bom. Geralmente delegacias são conhecidas pelos piores cafés possíveis. 
— Sim, o daqui não era diferente. Xixi de macaco, horrível! Não ia conseguir trabalhar em um lugar com um café que nem deveria levar esse nome. Comprei essa maquina de expresso logo que comecei a seguir Beckett. Ela relutou tomar por um dia… a curiosidade e bom gosto a fizeram mudar de ideia - Beckett somente revirou os olhos fazendo Jordan rir - ela faz essa pose de propósito, sabe que estou dizendo a verdade - um barulho alertou que a capitã tinha um novo email. Ela prontamente clicou e foi logo acessando a pasta. Ficou calada por alguns minutos enquanto os olhos atentos buscavam respostas para algumas das perguntas pendentes - então? - Castle perguntou ansioso. 
— E não há registros de visita para Mike também, exceto o advogado. 
— Outro lobo solitario - suspirou Castle. Ryan entra na sala. 
— Então, Mike Doyle matou a irmã. Ela se juntou com o melhor amigo dele e armaram um golpe. Aparentemente ele foi traído por ela, roubado. Não tinha residência antes de ser preso. Ele dividia o teto com ela, era seu apartamento. O cara não tinha muito dinheiro, menos ainda após sair da prisão. Seu seguro social está ativo. Ele trabalha em um McDonalds. E adivinha? O endereço que ele forneceu para a companhia foi o do apartamento de Logan, ou melhor o que ele herdou após matar a mãe. 
— Super amigos não acham? Quero evitar ir ao apartamento até segunda ordem. Não temos  uma prova concreta para incrimina-lo, nada de causa provável. Precisamos cerca-lo. Você tem o endereço da McDonalds que ele trabalha? 
— Sim, é na Broadway. 
— Ótimo, pegue Espo e faça uma visita. Tragam-no para depor. Diga que precisamos fazer algumas perguntas, ele não irá se recusar porque poderá colocar em risco sua condicional. Nossa estratégia será questiona-lo sobre a garota. Eu quero fazer as perguntas pessoalmente. 
— Tudo bem, capitã. Iremos traze-lo o mais depressa possível. 
— Ryan, enquanto estiver no McDonalds, será que pode trazer uma torta de maçã para mim? 
— Castle! - Beckett ralhou com ele. 
— Qual o problema? Ele já está lá mesmo. Você quer uma? Traga três, Ryan - e entregou uma nota de vinte dólares - viu Beckett fazendo bico e entortando a boca. Jordan segurava o riso - o que? Você está com cara de quem precisa um doce - rindo Ryan deixou a sala da capitã. Bastou isso acontecer para Beckett voltar sua atenção ao computador contrariada em busca de mais informações. Jordan foi quem começou a discussão. 
— Logan é inteligente. É possível que tenha pensado em tudo. Passo a passo. 
— Você acha? - perguntou Castle - o fato de Mike usar o apartamento do seu idolo me parece bem ingenuo e idiota. 
— Então, Castle. É o seguinte: Logan é tão inteligente que pensou em tudo com antecedência.  Isso faz parte de seu plano. Na verdade, se não tivéssemos o conhecimento prévio sobre seu caso e seu propósito, certamente esse detalhe passaria despercebido. Beckett pode perguntar e eu tenho certeza que ele terá uma explicação plausível para nos dar. Contudo, você tem razão em algo. A ação parece simples, falsa. Me faz pensar se Logan não tem outro plano, outra carta na manga. 
— Você está achando isso muito fácil, não? Concordo com você - disse Beckett - há uma espécie de segundas intenções em seus atos. 
— Achei que já tínhamos concordado que o fato desse assassinato aparecer na jurisdição do 12th não era coincidência. Depois de tudo que já descobrimos, apenas confirma que isso pode ser vingança - disse Castle. 
— Vamos focar em Mike - Beckett desviou a intenção de Castle em mencionar que ela era o alvo - Nosso maior problema é encontrar uma forma de não apenas liga-lo a vitima e a Logan, mas principalmente encontrar uma evidência de que a assassinou. Se querem minha opinião não será muito fácil. A falta de DNA na cena do crime prova isso. Jordan seria bom tê-la observando o depoimento de Mike. Quero suas impressões. 
— Claro. Pode me enviar o arquivo do homicídio que ele cometeu também. Vou começar a traçar o perfil dele para comparar com a entrevista e com Logan. 
— Já está no seu email. 
— Obrigada. 
— Claramente eles compartilham da mesma visão sobre mulheres. Ambos foram traídos e as odeiam. Talvez isso os tenha aproximado. Suas convicções. Castle, você vai estar na sala comigo? Você foi a primeira pessoa que entendeu o tipo de crime que estava acontecendo naquele apartamento. Conhece bem a dinâmica de serial killers, não que eu classifique Mike como um, ele é mais um meio para os fins. Logan tem uma agenda, eu sei que sim. 
— Claro! O que você quiser, Beckett. Você quer discutir uma estratégia para o interrogatório? Sou todo ouvidos. 
— Talvez precisemos de uma mesmo. Não quero ser direta com as perguntas que o leve a ficar na defensiva. 
— Ele estava preparado, Kate - disse Jordan - se foi treinado por Logan e o admira, ele estará pronto para responder suas perguntas e digo mais, não duvido que tenha um discurso pronto e uma maneira de chegar até o seu mestre para dar as noticias. 
— Burlar a segurança da prisão? Como? 
— Do jeito mais simples possível, pelas visitas. Porém, se fosse você, concentraria meus esforços em Mike. Em interpreta-lo. Essa é a chave para entendermos o que Logan está tramando. 
— Tudo bem. Vou seguir seu conselho - disse Beckett tomando mais um gole do café. 
Uma hora depois, Esposito bate a sua porta indicando que estavam de volta ao distrito. O suspeito estava na sala de interrogatório aguardando pelas orientações dela. 
— Quer que nós comecemos a primeira rodada de perguntas e você assume depois? 
— Nao, eu e Castle faremos o interrogatorio. Ele resistiu? 
— Não, eu o lembrei da condicional. Ele parece estar bem tranquilo. 
— Faça um favor, ligue para o agente da condicional. Quero evitar problemas depois. 
— Certo. Você não vai mesmo vasculhar o apartamento? 
— Não agora. Ofereça uma bebida para ele. Um refrigerante ou café, vou deixa-lo esperando por um tempo. Não acredito que isso irá desestabiliza-lo, porém certamente o fará pensar sobre os motivos que o trouxemos aqui e as perguntas que iremos fazer - Esposito saiu da sala, Beckett pegou a ficha de Mike para reler antes de começar a sua conversa. Quando finalmente sentiu-se pronta, Beckett fez sinal para Castle a acompanhar. Ela respirou fundo e vestiu a pose de investigadora sagaz que a pertence antes de entrar na sala. 
— Sr. Mike Doyle. Sou a Capitã Beckett, esse é Rick Castle. Temos algumas perguntas para você. Aceita mais um refrigerante? - ela perguntou sentando-se de frente para ele. 
— Não, estou bem. Do que se trata? Olha, você deve ter minha ficha e sei que já tem todas as minhas informações. Estou em regime de condicional, tentando recomeçar - Beckett fazia cara de compreensiva. No fundo estava pensando no que Jordan comentara. Palavras prontas, discursos pensados. Ele estava tentando vender a imagem de bom moço. 
— Claro, eu acredito em segundas chances. Não se preocupe, dependendo do que me conte, nosso encontro será breve. Eu não vou prende-lo aqui por muito tempo - ela colocou as imagens retiradas das cameras na frente dele. Somente as três em que ele ainda estava com cabelos - reconhece a você nessas imagens, Sr. Doyle. 
— Por favor, me chame de Mike. Sim, sou eu antes de raspar a cabeça. Qual o problema com elas? 
— Veja só, estamos investigando um crime no qual a nossa vitima foi vista entrando no mesmo café que o senhor em três ocasiões diferentes. Jane Sheldon - Beckett colocou as fotos da cena do crime na frente dele. Apesar de querer parecer horrorizado, tanto Castle quanto Beckett notaram um leve sinal de orgulho. 
— Você a conhecia? 
— Nunca a vi antes. 
— Tem certeza? 
— Absoluta - foi a vez de Castle continuar. Colocou a imagem dele agora careca. 
— A situação voltou a se repetir após você raspar a cabeça. Essa imagem é do dia do assassinato, estavam no mesmo café. 
— Diria que é uma tremenda coincidência - disse Mike completamente calmo. 
— Certo, e o fato da cena do crime acontecer a poucos quarteirões e da forma que o crime fora realizado não chama sua atenção? Você foi preso por assassinar sua irmã, o que me leva a crer que não é um grande fã de mulheres. Estou enganado? 
— Minha irmã me traiu. Roubou-me descaradamente com meu sócio e melhor amigo. Ela o usou para conseguir o que queria. Tem razão, não sou grande admirador das mulheres. Hoje em dia estão dando muita importância a esse lance de direitos iguais e feminismo. Eu discordo. Mulheres devem ser subservientes aos homens e não usar seu corpo e charme como armas para engana-los. Eu paguei pelo meu crime. Se está insinuando que eu matei essa moça, está errado. 
— Desculpe, Mike. Depois desse seu discurso sobre mulheres, a sua situação diante do crime começou a piorar - disse Beckett - sabe qual o problema? Eu reconheço cada detalhe dessa cena. É uma copia mal feita de um dos maiores serial killers que já enfrentei e convenhamos tive a chance de vencer - Beckett viu o quase imperceptível movimento do cenho ao praticamente xingar o seu trabalho - Andrew Logan? Soa familiar? Eu sei que ele foi seu companheiro de cela por anos. Você o conhece e o admira não? 
— Temos que nos adaptar a vida na prisão. Ele era meu companheiro de cela e me tratava bem, não tenho nenhuma reclamação contra ele. 
— Não estou falando de como ele o tratava, me referi a amizade e admiração. 
— Como disse, eu o respeitava e ele a mim. 
— Do jeito que fala parece um relacionamento muito vago. Ainda assim não estou completamente satisfeita com a sua explicação porque para mim, o fato de você estar presente e todas as filmagens de todas as idas de Jane a diferentes cafeterias não me convence de que seja coincidência especialmente na ultima que além de ser a noite em que ela foi morta, você também mudou o visual. Eu estudei Logan o suficiente para saber que ele era minucioso com detalhes, nada de digitais ou DNA em suas cenas especialmente após eu tê-lo condenado por um desses deslizes. 
— Eu apenas quis mudar meu visual, não sabia que isso era crime. Você está fazendo muitas perguntas e ainda não entendi de onde tirou a ideia de que eu matei essa moça. Tudo o que eu estou fazendo é muito simples. Estou tentando construir uma nova vida. Tenho um emprego honesto, estou me esforçando por que arriscaria burlar minha condicional? 
— É uma boa pergunta. Eu ainda não sei a resposta - disse Castle - será que pode me falar um pouco mais porque acha Logan inteligente? 
— Porque ele é. Vive cercado de livros. Isso na prisão é estranho. 
— E isso o faz admira-lo. 
— Sim, ele é diferente comparado com a escória que habita a Sing Sing - Castle trocou um olhar com Beckett. Um pequeno deslize. 
— Deve ser por isso que ele ofereceu seu apartamento para você ficar, não? Respeitar o cara é uma coisa, mas dai a ceder um lugar para morar? Tem que haver confiança e amizade. Sabemos que você está morando lá. Quer mesmo que acreditemos que vocês não são amigos e que você não tem nada a ver com o crime? 
— Olha, Logan estava com o apartamento fechado. Ninguém quer morar na casa de um criminoso. O advogado dele sugeriu que ele o cedesse para mim por uma quantia reduzida, pelo menos ele tem uma grana e eu, um teto. Nossos advogados acertaram tudo. Foi uma transação de negócios, não tem nada a ver com amizade. Se quiser, pode consultar meu advogado. Aliás, eu cooperei com a capitã respondendo todas as perguntas de maneira coerente. Espero que a vinda aqui não atrapalhe meu processo de condicional. Meu agente não irá gostar de saber que fui escoltado pela NYPD para prestar depoimento. 
— Não se preocupe quanto a isso, Mike. Meu pessoal contatou seu agente e explicou que trata-se de formalidades, entender alguns gaps da história. O que me leva a afirmar que preciso do número do seu advogado para que eu possa confirmar o contrato do apartamento. Imagino que tenham redigido um contrato para a segurança do dono do imóvel. 
— Sim, fizemos isso - Castle estendeu um papel e uma caneta para ele. 
— Pode anotar o número aqui? - enquanto Mike fazia isso, Castle saiu com outro questionamento - apenas a titulo de curiosidade, já que você afirma que não conhece Jane e estar nos cafés que ela frequentava no mesmo intervalo de tempo é uma coincidência, onde você estava na noite da segunda-feira passada por volta de sete às onze da noite? 
— Você quer checar meu álibi? Nem é policial! 
— Mas eu sou, portanto responda a pergunta - ordenou Beckett. 
— Eu sai do café e fui para casa. Moro sozinho. 
— Não há nada que possa comprovar o que diz? Você andou de metro? Usou o metrocard? 
— Não, eu caminhei até em casa. 
— Mesmo? De Lower Manhattan até o Upper East Side é uma boa caminhada. 
— O que posso dizer? Eu gosto de andar.     
— O seu prédio tem porteiro eletrônico ou sistema de câmera de segurança para podermos validar a sua informação? 
— Infelizmente não. Terá que confiar na minha palavra. 
— Em resumo, você não tem um álibi. Não soa promissor para mim. 
— Eu já disse que não matei ninguém. 
— Outra coisa, por que raspou a cabeça? 
— Uma mudança de visual. É mais prático. 
— Essa é a mesma desculpa que você vai usar para as sobrancelhas? Porque do meu ponto de vista, isso não tem nada a ver com estética e sim com o método usado pelo seu amigo e companheiro de cela. Ele se depilava para não correr o risco de deixar DNA na cena do crime. 
— Eu não estou imitando Logan, ele não pode ser copiado. É único - disse meio irritado. 
— Bem, alguém o copiou. E pela sua reação me parece que você acha a ideia de um copycat uma afronta e que conhece bem o trabalho dele caso contrario não diria ser único. E, no entanto, ele foi imitado. E como afirma não ter sido você, existe alguém ai fora que talvez o admire mais que você, Mike - disse Castle. 
— Vou ligar para o seu advogado - Beckett e Castle saíram da sala. Não trocaram uma palavra até que estivessem reunidos com Jordan na sala de observação - ele está mentindo. 
— Claro que sim. Sabemos exatamente que ele matou Jane e admira Logan, nosso problema resume-se a outra coisa: provar. Você pode até chamar o advogado, mas entende que recebera um contrato redigido da maneira correta, sem dúvidas, uma legitima transação comercial. 
— Quero um pouco mais que isso, pode me dizer algo especifico sobre ele, Jordan? 
— Ele é leal. Acredita nisso foi por ter sua relação quebrada com o amigo e sócio que acabou matando a irmã. Não é fã de mulheres. Talvez possamos explorar um pouco mais isso. Mike também é inteligente, era dono de seu próprio negócio até ser apunhalado pelas costas. Eu diria que a irmã era a princesa da familia. Tudo que ela fazia era tido como especial, mesmo quando errava tinha sua forma de escapar ilesa. Com o tempo, isso acabou influenciando a opinião de Mike sobre as mulheres. 
— Não me parece muito inteligente para um homem de negócios apenas surtar e matar a irmã devido a uma traição. 
— Castle, ai que está o X da questão. Mike não é um sociopata convicto como Logan. Ele foi desenvolvendo um pouco dessa mentalidade com o passar dos anos observando a injustiça do mundo ao seu redor. Posso afirmar que sua mãe era a figura dominante em casa e o pai apenas a obedecia. A raiva o fez assassinar a irmã, foi o gatilho. Logan apenas teve que cultivar a semente e mostrar que estava fazendo a coisa certa ao admira-lo e ajuda-lo. 
— Concordo com tudo, Jordan. Porém, ainda não sei como vou pega-lo. Conecta-lo ao crime - disse Beckett - o tempo está passando e eu sequer posso vasculhar o apartamento dele. 
— Se quer minha opinião, voltando ao ponto da inteligência de Mike, como um aprendiz acredito que ele venha se comunicando regularmente com seu mestre. Não resta dúvidas que ele foi a pessoa que alertou a imprensa sobre o crime possivelmente algo que Logan pediu. Eu diria que ele vai cortar qualquer comunicação com a prisão. Você pode colocar tiras para vigia-lo, eu tenho certeza que ele espera isso e dará a você o retrato de uma vida comum, sem grandes acontecimentos e sem nada suspeito. 
— Isso foi inspirador - ironizou Beckett - não me ajuda a resolver o caso. 
— Qualquer que seja a agenda secreta de Logan, não acredito que será revelada amanhã ou depois, nem em uma semana. Kate, ele esperou doze anos para reaparecer, isso mostra que a questão tempo para ele é relativa, afinal ele tem todo o tempo do mundo. A menos que encontremos algum furo na entrevista ou em suas ações, dificilmente pegaremos esse cara. Meu palpite é que o crime irá esfriar, ele seguirá com sua vida e até me arrisco a dizer que sumirá no mundo. 
— Então, basicamente você está dizendo que não adianta nada eu investigar, procurar uma maneira de prende-lo. É isso? 
— Não. Você pode investiga-lo. Deveria ter uma conversa com o socio, o advogado. Converse com o amigo longe das vistas de Mike. Eu sei que terá que libera-lo. O que sugeri pode ajudar, mas Kate não vamos nos enganar. Acredito que todos nessa sala sabemos exatamente qual é a agenda secreta de Logan - Beckett trocou um olhar com Castle antes de voltar sua atenção para Jordan. 
— Não. Eu me recuso a pensar que eu seja o alvo. Não quero passar o resto do tempo livre que tenho pensando onde ou quanto eu serei atacada. Isso não vai acontecer. Jordan, ele não sairá da prisão. Não tem como! 
— Quem disse que precisa ser ele? Mike aprendeu com o mestre - disse Castle - Jordan tem uma certa razão apesar de eu detestar admitir. Você é uma potencial vitima. 
— Não tenho tempo para discutir isso agora. Eu vou contatar o amigo e pedir ao Espo para trazer o advogado - assim que a capitã saiu da sala, Jordan encarou Castle. 
— Ela está em negação. Eu sei. 
— Não diria negação, mas para alguém racional e defensora da justiça, a opção de desistir nunca vem de imediato. Eu torço para que ela encontre algo, mas a probabilidade de acontecer é muito baixa. Pelo menos você entende que ela é um alvo. 
— Não gostaria de concordar com isso, mas é o cenário que temos. Você acredita que Mike vai mesmo desaparecer? 
— É apenas uma questão de tempo e ele não irá se comunicar com Logan rapidamente. Ele sabe que vocês suspeitam dele. Na verdade, ele compreende que o enxergam como culpado somente não podem provar. Isso o faz sentir poderoso, quase arrogante. Ele se divertirá diante da frustração de Beckett. 
Meia hora depois, o advogado apareceu na delegacia e exatamente da maneira que Jordan previra. Trouxe o contrato assinado e autenticado. Tudo estava em ordem. O valor do aluguel chamou a atenção de Beckett. 
— Você está pagando mil dólares de aluguel? Como você consegue cobrir isso e outras despesas com um emprego numa rede de fast-food? 
— Eu paguei dois meses adiantados com um resto de economia que tinha. Eu pretendo encontrar outro emprego e assim que possível aplicar para a posição de gerente. Eu disse que quero reconstruir minha vida. É isso que irei fazer. 
— Bom para você. 
— Ainda tem mais perguntas para mim, capitã? Eu preciso voltar ao trabalho. 
— Não. Estou satisfeita por hora. Não desapareça. 
— Como poderia? Estou sob análise, minha condicional? - ele se levantou, estendeu a mão para Beckett - foi um prazer conhece-la, capitã - ele teve que se segurar para não exibir um sorriso presunçoso na frente dela, obviamente a sua linguagem corporal revelava claramente a provocação. Ele saiu acompanhado de seu advogado. Beckett sentou-se na cadeira jogando a pasta do caso sobre a mesa. Visivelmente frustrada. Castle entrou na sala trazendo uma caneca de café. Sentou-se ao seu lado. 
— Tudo bem? Foi apenas a primeira batalha, a guerra está longe de terminar - ela apertou a mão dele. 
— Castle, você se lembra na época logo depois nós estarmos juntos de verdade em que investigávamos a morte da minha mãe, procurando os arquivos de Smith? Você me disse que estava procurando desesperadamente por algo, uma agulha no palheiro? Bem, é desse tipo de atitude que preciso agora para resolver esse crime - ela não o encarava e Castle sabia porque. Não queria parecer vulnerável. As palavras de Beckett e o seu jeito de falar demonstravam  que essa era a forma dela pedir socorro. Esperava que ele ficasse ao seu lado, a apoiasse como sempre fez - Está comigo ou vai desistir? 
— Você realmente precisa perguntar? Estou 100% com você, Kate - ele beijou a testa dela. 
— Você acredita em tudo o que Jordan falou? Nós ao menos temos uma chance nisso? 
— Há sempre uma chance, um lado positivo, uma saída. Não podemos ignorar as palavras de Jordan, Beckett. Você sabe, eu sei. Iremos fazer disso uma busca? Uma obsessão? Definitivamente não. Eu não preciso viver nossas vidas com medo ou vigilante por todo o tempo. Eu me preocupo com você e terá minha companhia sempre que precisar. Nesse momento eu diria para irmos para casa, descansar, ambos estamos necessitando de um tempo para nós. Amanhã continuaremos com a investigação. Foi um longo dia. 
— Eu não sei se consigo desligar… 
— Eu conheço alguns truques. Vamos, capitã. Prometo que irá gostar - ele acariciava a mão de Beckett com o polegar. Ela sorriu e finalmente o encarou.  
— Vou falar com Jordan e os rapazes. Irei ceder hoje para você, escritor - ela saiu da sala. 
Jordan aprovou totalmente a iniciativa de Castle e prometeu analisar mais a fundo a personalidade de Mike Doyle para Kate. 

XXXXXXXX

De volta ao apartamento, Mike sentou-se na cadeira contemplando o nada por alguns minutos. Em seguida, ele se levantou e foi até uma pequena escrivaninha. Pegou papel e caneta tentando buscar as palavras certas para escrever ao seu mestre. Não era idiota. O que quer que precisasse dizer a Logan teria que ser adiado por vários dias. Policiais eram previsíveis. Certamente ela colocara uma viatura vigiando seus passos. Não ia arriscar tudo, mesmo assim, precisava escrever tudo o que acontecera, manter seu mentor informado. Talvez pudesse voltar a falar com a imprensa. Reafirmar que a policia de Nova York sob o comando da Capitã continuava patinando e sem respostas. Isso a irritaria, a exporia. 
Ela era exatamente como seu mestre a descreveu. Arrogante, dona de si. Quem era ela para menosprezar a sua cena, a sua obra? Insultou meu trabalho chamando de cópia mal feita. Ela sequer compreendia! E aquele cara? O marido? Outro idiota a mercê dela. Usa e abusa dele. Ela terá o que merece, seu castigo. Perderá aquela pose e experimentará o seu castigo. O mestre a colocará em seu devido lugar. Ele terá a chance de assistir de camarote.   
Suspirou e curvou-se sobre o papel. Era a hora de trabalhar. 

Loft dos Castle

Beckett chegou e foi direto para o banheiro. A cabeça latejava. Não pela pressão ou tensão do caso em si, mas por não conseguir avançar. Isso a frustrava. Saber que seu inimigo, seu suspeito estava a sua frente e não poder provar o que ele fizera era uma sensação terrível. Ela sequer sabia como reportar isso para o seu comandante. Tinham que achar algo. 
Castle tratou de preparar algo leve para jantarem. Conhecendo a esposa, ela não iria sentar-se e fazer uma refeição de maneira tranquila, ele teria que força-la. Sua mente não desligava facilmente de seus problemas. E essa investigação era um exemplo disso, Logan era uma pedra no sapato deles. Concentrou-se em agrada-la e evitar falar de trabalho. 
Quando Beckett voltou a cozinha vestindo uma legging e uma camiseta, Castle prontamente a entregou um copo de vinho. 
— Estou preparando uma salada do jeito que você gosta e medalhões de filé para acompanhar. Nós vamos sentar a mesa e ter um jantar normal. 
— Obrigada. Eu sei o que você está fazendo, babe - ela beija o rosto de Castle - Preciso descansar a mente - ela sentou-se no balcão da cozinha para observa-lo. Ele fritava a carne, Beckett bebia o vinho. Quando estava tudo pronto, ele jogou o pano de prato e o avental sobre o balcão, levou a comida à mesa e voltou até onde ela estava. Abraçando-a por trás, beijou seu pescoço até o instante que Beckett virou o rosto procurando pelos lábios dele. O beijo foi carinhoso, leve. Os lábios se tocavam diversas vezes como se fossem uma avalanche de beijinhos. Puxando-a pela mão, ele a guiou e sentou-se ao seu lado. 
Fizeram a refeição em um clima agradável embora não falassem muito. As caricias continuaram e após se darem por satisfeitos, Castle a arrastou para a sala com um pote de sorvete. 
— Essa é a resposta para todas as horas, quando se está triste, frustrado, ajuda a acalmar, colocar um sorriso no rosto. Quando se está feliz, apaixonado, é ideal para dividir com quem se ama. Nosso caso é o segundo hoje - ela ergueu a sobrancelha - tudo bem, talvez um pouco do primeiro. 
— Chocolate? Quais as chances de eu comer apenas umas colheres? É o seu preferido. 
— Você tem prioridade hoje. Só não coma o pote inteiro! - ela gargalhou. 
— Você não existe. 
— Está enganada, capitã. Eu existo, sou de carne e osso. Apenas jogaram a forma fora após me criar - outra gargalhada. 
— Esse é o cumulo do convencimento. 
— Pelo menos serviu para fazê-la gargalhar. É bom ouvir esse som. 
— Você acha que teremos uma chance de prender Mike? 
— Não sei, torço para que sim, como disse antes eu somente não quero vê-la obcecada por isso, Kate. Promete uma coisa? Se eu perceber que você está perdendo a linha, mergulhando fundo demais em um buraco negro, promete que vai me ouvir? Vai me deixar ajuda-la e alerta-la para parar? 
— E-eu talvez não perceba… 
— Apenas prometa que irá me ouvir - ela acariciou o rosto dele. 
— Sim, prometo. 
— Ótimo, que tal a gente ir para o quarto? Tenho uma diversão bem interessante para nós - de mãos dadas, eles seguiram. Castle tirou a roupa de Kate bem devagar enquanto beijava-lhe a pele ao longo do caminho. Ela apenas apreciava as caricias que o marido fazia. As mãos de Castle tocando seu corpo causava um misto de sensações, era eletrizante e gostoso. Fazia seu corpo amolecer e criava uma sensação de urgência, necessidade e conexão. Todos os pensamentos se misturavam e demonstravam para Beckett o quanto ela gostava e precisava dele. 
Os pensamentos foram interrompidos por um beijo e pela forma como Castle a puxou contra seu corpo. Beckett colocou seus braços ao redor do pescoço dele e prontamente ele a deitou na cama. O momento de relaxamento estava apenas começando. 
Na manhã seguinte, após um café da manhã reforçado, eles chegaram no distrito. Ryan esperava sua capitã ansioso. 
— Bom dia, Beckett. O amigo do Mike está na sala de interrogatório 2. Jordan Shaw também já chegou e está na sua sala. 
— Ótimo. Vou entrevista-lo em um instante, primeiro quero falar com Jordan. Alguma noticia da viatura que está patrulhando nosso suspeito? 
— Nada estranho. Depois que saiu daqui foi para o apartamento e só saiu pela manhã direto para o trabalho. 
— Certo - Beckett notou a apreensão no rosto de Ryan - o que foi? Você tem algo mais para me falar, não? - a linguagem corporal do detetive indicava que era uma má noticia - não enrole. 
— É que hoje pela manhã houve mais um destaque na mídia sobre o caso. Novamente comentaram a incompetência da NYPD em resolver o crime e citaram seu nome, Beckett. Estão questionando a sua habilidade como capitã. Gates ligou logo depois, pediu que retornasse a ligação para ela assim que chegasse - Jordan acabava de chegar ao salão com umas pastas na mão. 
— Deve ter a ver com o comandante. Melhor retornar logo. Deixe o cara esperando, pretendo conversar com ele em breve. Bom dia, Jordan. Eu falo com você depois - a profiler apenas sorriu e anuiu. Castle sabendo que ela iria querer privacidade para falar com Gates, juntou-se a Jordan que estava sentada na sua cadeira cativa com uma pasta e um bloco de anotações nas mãos. Beckett seguiu para sua sala e sequer ligou o computador, pegou logo o telefone. Gates a atendeu e foi direto ao ponto. 
— Imagino que esteja sabendo da repercussão do caso na mídia, Capitã? Como anda a investigação? 
— Complicada, Gates. Tudo indica que temos o suspeito numero um, eu sei que foi ele quem matou Jane, mas não consigo nada para incrimina-lo. 
— Já o interrogou? 
— Sim, não consegui nada. Está tudo muito bem planejado. Eu irei tentar uma outa linha hoje, tenho uma pessoa para interrogar. Espero conseguir algo mais sobre ele. 
— O Comandante quer respostas, Beckett. O que quer que diga para ele? 
— Diga que hoje à tarde, conforme a investigação caminhe estarei no 1PP para atualiza-lo. 
— Certo, esperaremos você - Beckett desligou e seguiu para o salão. Castle e Jordan conversavam avaliando algumas anotações da profiler. Ela se aproximou. 
— Vai me acompanhar no depoimento, Castle? Você pode observar, não? 
— Claro. Qualquer informação sobre Mike é util - eles se dirigiram para a sala de interrogatório, Beckett se apresentou, explicou que era um depoimento, pediu permissão para grava-lo, recitou seus direitos e sentou-se na frente do homem. Ele parecia preocupado. 
— Capitã, me perdoe, mas por que eu estou aqui? 
— Primeiramente você não está sendo acusado de nada. Estamos apenas trabalhando em alguns ângulos sobre uma pessoa, um antigo amigo. O nome Mike Doyle lhe diz alguma coisa? 
— Mikey? Ele está preso, não? Em Sing Sing? Ele não saiu, não pode… - ela percebeu a apreensão - diga que ele está na cadeia. 
— Na verdade, não. Mike está em liberdade condicional. Por que a preocupação, Marcus? 
— Ele matou a irmã, era minha namorada. Eu sou o próximo. 
— Vamos com calma. Conte a história do inicio, diga porque ele matou a irmã. 
— Ele surtou. Mike imaginou coisas em sua cabeça. Eu e ele éramos sócios. Estávamos caminhando bem, porém Mike não gostava muito de ouvir conselhos. Não era um bom investidor. Não tinha jeito para os negócios como a irmã. Jane era incrível. Em três meses, ela fez nosso lucro crescer 30%. Tinha ótimas ideias, queria expandir o negócio. Mike não concordava. 
— Espera, você disse Jane? 
— Sim, era o nome da irmã dele. Você deveria saber disso, não está avaliando a ficha e o crime que ele cometeu? 
— Isso não pode ser uma coincidência - ela falou fitando Castle. 
— O que é coincidencia? 
— Continue sua historia, Marcus - ele suspirou e obedeceu. 
— Mikey não queria que Jane investisse em umas ações. Ela tinha esses lances sabe? Comprar ações, ganhar dinheiro e investir na firma. Conhecia o irmão, ele era cabeça dura e detestava ouvir conselhos de mulher. Sim, ele dizia que mulheres não deviam expressar opinião. Foi por isso que ela me convenceu a retirar dez mil dólares do nosso caixa para comprar ações e tentar triplicar esse valor para investirmos em um equipamento e mercadoria. Fazia dois dias que ela retirara o dinheiro, estava aplicando uma parte dele e analisando onde aplicaria a outra parte. Ela dizia nunca invista em uma coisa só. Enfim, ele foi checar as nossas contas e deu por falta do dinheiro, calmamente expliquei que tinha retirado para que Jane fizesse um investimento para nós em ações. Ele surtou. Disse que eu era um idiota, que tinha me deixado levar pela irmã dele, me rendido aos encantos malignos dela que agira como qualquer mulher. Usando sexo. Ao invés de brigar ou bater em mim, ele a esperou. Na mente de Mikey, ela estava roubando dinheiro aos poucos. Gritou com ela e disse que o traiu. Roubara o próprio irmão. A discussão foi feia e mesmo Jane argumentando o que pretendia, ele não a ouviu. Eu havia sido expulso do apartamento por ele. Na rua ouvi um grito. Quando eu cheguei, era tarde demais. Ele cortara a garganta dela, sangue por todos os lados. Deus! Ele a cortou em varias partes do corpo. Estava morta… morta… 
O homem a frente de Castle e Beckett derramava lágrimas. 
— Aquele não era meu amigo…não… ele matara a irmã, a mulher que eu amava…e-eu chamei a policia, eles o levaram. desde o julgamento nós não nos falamos. Eu não consigo encara-lo. 
— Ele alguma vez expressou um comportamento estranho além de seu ódio pelas mulheres? - perguntou Beckett. 
— E-eu não notara nada além do lance com mulheres até tudo acontecer. Então comecei a ligar os pontos. Mikey estava doente na minha opinião. Ele lia livros de psicopatas. Admirava esses loucos. Leu Helter Skelter sobre Manson, Jack o estripador, Hannibal Lecter. Ficção e realidade. Gostava das historias. 
— Alguma vez ouviu ele comentar o nome Logan? 
— Não. E-eu não me lembro. E-ele pode me atacar… acha que o trai como Jane. 
— Marcus, se ele quisesse te matar, teria feito no instante que você voltou ao apartamento. Você não corre perigo. 
— Por que está perguntando sobre ele? 
— Acreditamos que seu amigo está envolvido com um novo assassinato. 
— Oh, Deus! Eu perdi o contato com ele. Cortamos relações de fato. Desde do dia em que ele foi condenado naquele tribunal. Oito anos atrás. Por que deixaram Mikey sair? Por que? 
— Ele foi condenado a 25 anos. Cumpriu um terço da pena e tinha um bom comportamento na prisão. O sistema judiciário é complicado. Ele está sob avaliação. Não acredito que vá se arriscar novamente. Você está liberado. Obrigada por vir. 
— É, não ajudei muito. 
— Sim, ajudou o suficiente - Markus se levantou e deixou a sala - ele já tinha tendência sociopata. 
— Sim, eu concordo - disse Jordan entrando na sala - e o nome da vitima não foi coincidência, ele escolheu alguém com o nome da irmã porque talvez seria mais fácil projetar o seu ódio e mata-la. As semelhanças com o método de Logan também chamam a atenção. Estava revisando a ficha dele. Aposto como estudou Logan mesmo de dentro da prisão. Acredito que o via como um ícone, foi por isso que se tornou seu aprendiz. 
— Mas nós continuamos na estaca zero. Sabemos que ele matou Jane, porém não conseguimos provar. De que adianta? Agora preciso ir até o Comandante e dizer que não tenho absolutamente nada para desmentir as coisas que a imprensa vem falando sobre mim e a minha incompetência. 
— Kate, quer parar? Todos sabemos que você é uma excelente investigadora. Pare de se menosprezar. Está frustrada com o caso, eu também. Infelizmente é o que temos diante de nós. Você acha que isso não aconteceu comigo várias vezes? Adiar a captura de um suspeito por meses porque não conseguia uma prova que validasse o perfil que tracei do criminoso? Acontece com os melhores, Kate. Isso não é motivo para denegrir sua integridade e sua imagem. Quer que a acompanhe até a 1PP? Ficarei grata em ajuda-la a explicar as nuances desse caso. 
— Acho que vou precisar da sua ajuda, Jordan. 
— Posso ir também? - perguntou Castle. 
— Melhor não, babe. É uma reunião oficial e critica. Voltaremos para cá assim que terminar - lado a lado, elas deixaram a sala de Beckett. 

1PP - Sala do Comandante

Gates, Beckett e Jordan sentaram na mesa de reunião na sala adjunta a do comandante. Beckett tocava a gravação do depoimento de Mike e pretendia em seguida mostrar o de Marcus. Apos ouvir tudo novamente, Beckett reafirmou sua avaliação. 
— Senhor, apesar de não ter evidências concretas contra Mike, eu sei que ele matou Jane. Não é só isso, Mike admira serial killers, sociopatas. Essa ligação com Logan? Ele foi seu companheiro de cela por cinco anos e está morando no apartamento dele. isso não é comum. 
— Como essa transação ocorreu? 
— Eu falei com os advogados, de ambas as partes. O contrato é claro. Dentro dos rigores da lei. Não há o que contestar. 
— A personalidade de Mike Doyle sugere um sociopata quieto, odeia mulheres, tem fascinação por serial killers. Ele também é obediente e disciplinado. Acredito que Mike desenvolveu uma admiração singular com relação a Logan. Algo que representa a relação mestre-aprendiz. Ele é calmo e extremamente paciente. Não se deixou intimidar pela Capitã, mesmo que tenha por lapsos de segundos demonstrado que o que pensamos sobre ele e Logan é correto. Eu corroboro toda a análise da capitã, senhor - disse Jordan. 
— Obrigada, diretora assistente Shaw. Mas não resolvemos o problema. 
— Não, senhor. E algo me diz que Mike não agirá outra vez, ele é inteligente o suficiente para saber que está sob vigilância. Se havia planos para matar outra pessoa, eles irão esperar - reforçou Jordan. 
— Eles? 
— Logan e Mike. Eles são parceiros. Vão agir juntos. Eu acredito que ainda não terminou comandante, contudo não acontecerá nas próximas semanas, eles são cautelosos. Senhor, eu sei que a capitã Beckett está frustrada diante dessa situação. Está sendo atacada, chamada de incompetente. Meu melhor conselho nesse instante é que a NYPD se pronuncie através do senhor para defender não somente a instituição, mas em particular a sua melhor capitã. 
— Conselho anotado, diretora assistente. Obrigado por vir até Nova York para ajudar-nos. 
— Faria várias vezes por Beckett. 
— Eu vou pedir ao meu relações públicas para agendar uma conferência com a mídia. 
— Obrigada, senhor - disse Beckett. 
— Beckett, com todos os meus anos de força acredito que devo um conselho a você. Existem casos que nos perseguem, você sabe bem disso, tem experiência - ela sabia que ele se referia ao caso de sua mãe - contudo há casos que não merecem nossa dedicação exclusiva. Eles vem e vão. Se não avançar na investigação, esqueça. Apenas siga com o seu trabalho, sem obsessões. Trate o caso como frio. Se e quando uma nova pista acontecer, você volta sua atenção a ele. 
— Certo, senhor. 
Elas deixaram a 1PP juntas, do lado de fora antes de entrar no carro, ela suspirou e expressou sua frustração para Jordan. 
— Por que todos parecem achar importante mencionar as palavras obsessão e esse caso juntos. Castle, o Comandante, você de maneira indireta. 
— Porque todos conhecem você, seu histórico e sua sede de justiça, Kate. Não leve isso a mal. É ao mesmo tempo uma qualidade e um defeito. Eu acredito que você deve ouvir os conselhos do seu comandante, do seu marido. Eu lhe prometi uma semana, acredito que não tenho mais o que fazer aqui diante dessa ultima conversa. Vou providenciar minha volta para amanhã à noite, tudo bem para você? 
— Claro. Você já ajudou muito - por alguns segundos, Beckett ficou calada até criar coragem para perguntar o que queria saber. Jordan não a enganaria - Jordan, acredita mesmo que isso não acabou? Que possamos ser afetados mais tarde? - ela suspirou - acredita que eu sou uma vitima? 
— Por mais que não queira ouvir sobre a possibilidade, Beckett. Ela existe, é genuína. Você pode ser claramente uma das vitimas. Por outro lado, não sei quando nem como esse embate irá acontecer. Eu acredito que seja um caso de vingança. Só peço que não aja contra nossos conselhos. Não deixe de viver sua vida por causa do trabalho, Kate. Você tem um marido apaixonado ao seu lado, um belo apartamento, livros contando sua historia. Há muito em seu futuro, uma familia talvez? O trabalho é um meio, por mais apaixonadas que sejamos por ele, não deve dirigir nossas vidas - Beckett apenas sorriu - eu demorei para entender e frear para focar nas coisas que realmente importam. Foi por isso que aceitei o cargo de diretora-assistente. 
De volta ao 12th, Castle quis saber o resultado da conversa. Após atualiza-lo, ela decidiu seguir os conselhos que recebera. No noticiário das seis, o Comandante fez um belo discurso sobre a paixão da investigação e a imagem de Beckett. Em casa, após o jantar, ela contou sobre os conselhos que recebera e sua decisão de segui-los. Castle respondeu com algo similar. 
— Eu já tinha lhe dito que chamaria sua atenção caso eu notasse qualquer sinal de obsessão. Já que não sou o único, quero lembra-la de um acontecimento de anos atrás quando você me persuadiu a esquecer um caso semelhante, Tyson. Você se lembra daquela noite após descobrirmos tudo o que ele armou para me incriminar? Ele ia mata-la, eu supostamente o matei o que sabemos que não aconteceu. Beckett, você insistiu que estava acabado, que ele estava morto. Fui persuadido a não investigar ou pensar sobre isso. Minhas exatas palavras foram “por agora”. Sendo assim, eu retorno o mesmo pensamento para você. Esqueça Logan e Mike, por agora. Pode fazer isso? Por mim? 

— Sim, eu posso - ela sorriu e beijou-lhe os lábios. 

Continua....

Um comentário:

cleotavares disse...

Vou lendo e esperando que a qualquer momento a Beckett seja atacada. Dá uma aflição e ao mesmo tempo me prende na leitura e eu fico querendo mais.